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A cargo do Laboratorio de Arquitectura Dominicana (LAD), o primeiro pavilhão da República Dominicana na 14ª Bienal de Arquitetura de Veneza sobrepõe arquitetura, urbanismo e política através da figura da Feria de la Paz y Confraternidad del Mundo Libre, celebrada em 1955 em Santo Domingo pelo Ditador Rafael Trujillo, numa tentativa de consolidar internamente e projetar internacionalmente a visão de um pais moderno e estável sob governo totalitário.
A Feira e suas instalações - atualmente ocupadas por instituições governamentais - são um ponto de reflexão para Santo Domingo e o modernismo arquitetônico, pois transforma seus limites urbanos, definidos pela reconstrução da cidade após a passagem do furacão San Zenón.
Leia a descrição dos curadores e faça um passeio virtual pelo pavilhão dominicano, a seguir.
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Descrição dos curadores: os dominicanos são modernos por atitude e por necessidade, continuamente têm que recomeçar sem considerar esforços prévios. Os padrões de destruição causados pelos furacões que cruzam o país criaram um permanente estado de crise que recorre sempre à tabula rasa. A chegada do poder do governo ditatorial em 1930 e o impacto do furacão San Zenón redefiniram o clima arquitetônico, social e político da República Dominicana.
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San Zenón destruiu as estruturas de madeira de cerca de 50% dos edifícios da capital Santo Domingo e gerou uma oportunidade para o governo de consolidar o poder através do ambiente urbano e arquitetônico. Seguindo uma recomendação oficial que todas as novas construções deveriam ser de concreto, o então recém construído e reinaugurado Ciudad Trujilo fez amplo uso desse material. O concreto foi adotado como um ideal de modernidade e segurança, definindo a arquitetura moderna como símbolo de progresso. Nas décadas seguintes, a capital continuou se urbanizando e crescendo, definida por eixos de circulação da primeira rodovia regional, avenidas urbanas transversais e grandes projetos governamentais.
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La Feria de la Paz y Confraternidad del Mundo Libre (1955) foi a reafirmação do modernismo criado pós-San Zenón, celebrada em honra ao governo no vigésimo quinto aniversário de seu mandato. Enquanto San Zenón consolidou as forças locais, a Feira foi projetada para apresentar o país como um poder global e, dentro do Caribe, a cidade de Santo Domingo como seu centro. O parque de diversões foi projetado e construído em quatorze meses, com a participação trinta países e setenta novas estruturas permanentes. As tipologias do modernismo arquitetônico foram empregadas nos edifícios e monumentos da Feira, e muitas das estruturas originais estão ainda em uso e servem a diversas pessoas e funções. A Feira hoje define uma única identidade nacional de dualidade e contradições, seus edifícios e espaços públicos servem a várias instituições governamentais durante o dia, e abrigam muitas atividades ilícitas à noite. Do passado ao presente, de dia e à noite, formal ou informalmente, a Feira implica características arquitetônicas, sociais e culturais que são distintivamente dominicanas.
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